sexta-feira, 26 de agosto de 2016

"Sala de Expurgo, Não Abra!!"

Este era o aviso na estreita porta ao lado de uma porta de vidro dupla escancarada. No corredor, o amarelado da indiferença e da impotência sufocava o ambiente. Porém, o abafado maior era proveniente da porta aberta, ela despejava no ar o odor do abandono. 

Ao adentrar, a parca luz branca do ambiente era embaçada pelo retrato das dores. Instintivamente prendi o fôlego para não absorver a indiferença dos que transitam diariamente impotentes. Impedidos de se fecharem, meus olhos registraram a angústia e a dor do abandono naqueles olhares vagos, fitando o nada, tomados por dores tão agudas quanto as físicas. Vidas amontoadas, praticamente uma por cima da outra, estacionadas nos corredores da eterna espera. Largadas como expurgos, porém, às portas abertas.



Eis um retrato "3x4" da saúde pública no Hospital Getúlio Vargas, no Recife. Era uma manhã rotineira de segunda-feira.

23/08/2016

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A Religiosa - Denis Diderot

A Religiosa
Em forma de carta direcionada ao Marquês de Croismare, Suzanne Simonin narra seu triste destino de ser encarcerada num convento ainda na adolescência. Por uma falha de sua mãe no passado ela passa a ser injustiçada e escanteada. Diferente das suas irmãs, de uma forma que desconhece, ela é privada da vida normal e levada a experimentar uma vida de amargura, angústia, solidão e sensações incompreensíveis a ela.

Escrito e ambientado no século XVIII acredito que este livro foi motivo de muitas críticas e censuras ao mesmo tempo em que esclareceu de forma bastante realista os sentimentos daquelas que eram obrigadas a viver na reclusão por seus  familiares. Reclusão da natureza humana de socializar e poder dar continuidade à vida através dos filhos. Abandonadas a lidar com as consequências físicas e psicológicas de sufocar seus instintos naturais de ser Humano.

Particularmente, não é um livro que se lê feliz, antes, derrama a angústia e infelicidade da narradora a cada página.


Lido em 22/06/2014

Fahrenheit 451 - Ray Bradbury

Fahrenheit 451 - Ray Bradbury

Em 1953, após a II Guerra Mundial e em plena Guerra Fria, Ray Bradbury (1920-2012) escreveu Fahrenheit 451. Clássico da literatura mundial, ultrapassa os limites da ficção científica. É uma obra política, uma distopia. Fala do futuro denunciando o presente.


"Não só uma crítica à repressão política, mas também à superficialidade da era da imagem [...]" (Manuela da Costa Pinto, orelhas do livro)
215 páginas
Editora: Biblioteca Azul 



Em edição...aguardem!