terça-feira, 4 de outubro de 2016

Uma Vida Entre Livros - Bibliofilia #2

Certo dia, pesquisando fotos no Instagram, explorando variadas possibilidades de #hashtags sobre as temáticas: #livros, #literatura, #biblioteca e afins, me deparei com um perfil um tanto peculiar. 

O fundo de suas fotos eram prateleiras de livros, retratava as novas aquisições e suas redescobertas na biblioteca. Afinal, quem nunca achou um livro na própria estante, que sempre esteve lá, mas se surpreendeu pela redescoberta? Ou até fingiu não se lembrar para ter o susto de o ter? Aquele susto de criança, que acorda sem lembrar do brinquedo novo e logo se enche de alegria. 


"Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha só para depois ter o susto de o ter" (Felicidade Clandestina - Clarice Lispector).




Era o @MinhaVidaEntreLivros, basta conhecer seu álbum no Instagram para entender o motivo do nome escolhido para o perfil. Fiquei maravilhado com as suas fotos, uma verdadeira inspiração para os amantes da leitura.

Para dar continuidade à série Bibliofilia tive a oportunidade de entrevistar Sérgio A. Scacabarrozzi, e conhecer um pouco do seu amor pela leitura e pelos livros.

Ele frequentou as faculdades de Educação Artística e Direito, mas foi nas Letras onde ele se encontrou.


"Antes de tudo sou um leitor e foi a paixão pela leitura que me levou a viver entre livros."





Como começou o seu amor pela literatura e pelo livro?
"Desde a infância sou amante da leitura. Minhas primeiras leituras foram os gibis (revistas em quadrinhos). Sempre gostei de colecionar. Na infância e adolescência, todo dinheiro que ganhava de meu pai eu comprava revistas, e com isso formei uma coleção enorme de HQs. Meus heróis preferidos eram Superman, Batman, Demolidor, mas gostava muito de revistas de faroeste também, além das histórias da Disney. Meu pai escondia de mim os gibis, pois achava que atrapalhava na escola."

Em sua opinião, qual a melhor forma de incentivar a leitura?
"A melhor forma de incentivar a leitura é ler e ter sempre a presença dos livros em casa, no trabalho, na escola ou qualquer outro lugar. Dar livros de presente para os filhos ou para qualquer criança também é uma maneira."

Qual o significado que você atribui ao Livro? O que ele representa?
"Para mim o livro representa tudo. Minha vida se desenvolve em torno do livro. Desde a hora em que acordo, até a hora em que vou dormir, o livro é uma presença constante. Não consigo viver sem ter um livro comigo. Para qualquer lugar que eu vá, o livro me acompanha. O livro é parte de minha pessoa."

Fala sobre o seu acervo.
"Meu acervo foi sendo constituído ao longo da minha vida. Na infância e adolescência eu comprava muitos livros e HQs. Mais tarde, as coisas não eram tão fáceis, pois vem a fase de ter que trabalhar para se sustentar, os namoros, etc. Então a compra de livros era mais escassa. Tempos depois, já casado e estabelecido financeiramente, dei prosseguimento ao meu maior sonho, que era formar a minha biblioteca. 


Minha preferência sempre foi por literatura. Por isso, a maior parte do acervo é dedicada a romances, contos, poesias. Tenho também uma paixão grande por biografias e, com isso, muitos livros com a vida de pessoas famosas. Também gosto muito de cinema e formei um acervo com livros dedicados à sétima arte, incluindo dicionários dedicados ao tema. 




Basicamente meu acervo está dividido em: literatura brasileira, literatura estrangeira, poesia, biografias, história do Brasil e quadrinhos (graphic novels). Dentro dessas divisões estão subdivisões. Esta é minha organização. Claro que tenho meus autores preferidos e, por isso, deles tenho mais obras." 






Qual o seu livro mais raro, como e onde o descobriu?
"Não sei qual meu livro mais raro. Tenho livros que estão esgotados e, por isso, são considerados raros.
Tenho também livros muito antigos, difíceis de serem encontrados. Há ainda os autografados, que têm um valor alto. Também as primeiras edições, sempre muito bem avaliadas pelos entendedores do assunto. Uma 1ª. edição é sempre um item de colecionador."








Quais os seus critérios no processo de aquisição de um livro?
"Adquiro os livros que desejo no momento. Por exemplo: para compor minhas coleções, o que leva a muita pesquisa, muita procura, tanto na internet como nas lojas físicas.
 Na maioria das vezes prefiro as edições mais antigas, ou 1ª edições, quando isso é possível. São mais caras, mas valorizam mais um acervo. Também cuido para que estejam o mais preservadas possível. Somente quando uma edição é muito rara, então compro com algum defeito (faltando capa, capa rasgada, etc). Do contrário, não. Uma edição rara, mesmo que estragada, merece ser recuperada, preservando o máximo possível a sua característica original."




"Tenho mania de recortar jornais e colocar recortes no meio dos livros, quando o assunto me interessa e corresponde ao assunto do livro. Por exemplo: quando um autor morre, recorto a notícia do jornal e coloco no livro desse autor. Acho isso legal."







Quais as suas sugestões para quem sonha em construir uma biblioteca como a sua?
"Minha sugestão é: comece. Mas não fique muito desesperado, comprando tudo o que aparece. O legal é ter uma meta, um assunto.
A minha biblioteca é muito diversificada. Isso custa caro e dá trabalho. Às vezes tenho vontade de reduzir os livros, descartando coisas que não fariam tanta falta. Mas tenho dó, pois cada livro tem uma história: o momento em que foi adquirido, o assunto, a época da leitura, etc. Mas de vez em quando faço um descarte necessário. 

Então, quem quer ter uma biblioteca precisa ter foco nos livros: ler muito, frequentar sebos e livrarias, ter amizade com quem ama livros. Isso é o essencial. E depois ir adquirindo os volumes, de acordo com o interesse."




Você se considera um bibliófilo?
"Nunca pensei nisso. Sou, antes de tudo, um LEITOR. E um leitor imperfeito, pois o leitor perfeito é aquele que lê independente das preferências de leitura, ou seja, o que lê o que é preciso ler e não apenas o que gosta. A bibliofilia é uma consequência. Mas não acho que eu seja um bibliófilo no sentido literal da palavra. Sou um colecionador de livros."

Independente de rótulos, uma coisa é certa. Sérgio inspira seus seguidores com as fotos publicadas e incentiva a leitura com suas recomendações.

Parabéns pela biblioteca e continue compartilhando suas percepções literárias.



ps.

Perfil do @MinhaVidaEntreLivros no Instagram

Você gostou dessa entrevista? Compartilhe nas redes sociais.
Tem alguma sugestão? Entre em contato pelos comentários ou me envie um e-mail através do formulário de contato. 
Volte sempre!

Nenhum comentário:

Postar um comentário